Grande
interesse da alta costura
Alex Pentland, o obreiro do «softwear», em directo
«Sandy» a Jorge Nascimento Rodrigues
Alex Pentland, conhecido pela alcunha de «Sandy», é no Media Lab o responsável
por este projecto do “vestuário computorizado. Ele próprio anda sempre com
um adereço electrónico.
No meio da azáfama deste primeiro show internacional de moda futurista em
Boston, o conhecido veterano deambulava entre os seus «cyborgs» (alguns dos
seus alunos mais futuristas) e os modelos de alta moda pensados, na maioria
dos casos, para a mulher depois do ano 2000, quando concedeu esta entrevista
quase telegráfica.
Pentland dirige um grupo com 50 investigadores em áreas de ponta da computação
- visão, gráficos, reconhecimento de voz, música e interacção homem-máquina.
Trabalha numa das três áreas-chave do Media Lab que dá pelo nome de "computação
perceptiva" em que alguns projectos estão a ser financiados em consórcio por
multinacionais no âmbito de uma linha denominada "Coisas que Pensam" (linkar
para artigo) .
Além da "roupa inteligente" dirige também a investigação sobre as "salas inteligentes".
Doutorado no MIT em 1982, ele começou na inteligência artificial, passou pelos
fractais, e já ganhou vários prémios, incluindo um na Ars Electronica.
Este ano, já foi considerado pela revista «Newsweek» como uma das 100 pessoas
mais promissoras dos Estados Unidos tendo em vista o próximo milénio.
Estas roupas computorizadas aqui apresentadas,
algumas delas bem extravagantes, serão para o dia-a-dia?
ALEX PENTLAND -- Algumas são, outras estão pensadas em termos de alta
costura e são, apenas, para ocasiões muito especiais. Posso garantir-lhe que
algumas grandes empresas da confecção já nos expressaram o seu interesse pelas
ideias e pela tecnologia que aqui apresentámos. Algumas estão, mesmo, a pensar
em breve fabricar alguns dos modelos. Também, já fomos contactados por alguns
nomes sonantes da alta costura que se querem associar ao nosso projecto.
Como é que iniciaram esta abordagem ao mundo
do design? Para um laboratório de vanguarda na computação mais futurista,
como o Media Lab, foi um passo difícil ou são dois mundos que se contagiam
e que se podem casar muito bem?
A.P. -- Provavelmente. A história é esta: começámos por enviar alguns
documentos e exemplos da nossa tecnologia em vestuário computorizado a quatro
escolas de design famosas - à Bunka de Tóquio, à Creapôle parisiense, à Domus
de Milão e à Parsons de Nova Iorque. Isso gerou mais de uma centena de projectos.
Depois, todas elas nos enviaram estudantes para o Media Lab e aqui trabalharam
connosco no desenvolvimento das ideias iniciais durante três meses. Os estudantes,
no final, regressaram para as suas escolas e concretizaram os modelos que
hoje aqui passámos. A primeira apresentação que fizemos foi em França, com
a Creapôle, no Centro Pompidou em Fevereiro de 1997.
E pensam poder alargar a colaboração? Estou
a pensar em Portugal poder haver estilistas interessado(a)s...
A.P. -- Sim, porque não? Já começámos a falar com diversos estilistas
sobre projectos futuros...
Estão previstos eventos do género para o próximo
ano?
A.P. -- Sim, estamos a analisar três propostas concretas para shows
de moda em Milão, Paris e Tóquio.