Conta lá!
Se eu confessar a algum amigo que ele anda a pagar-me uns almoços do seu bolso sem o saber, arranjo um bonito sarilho. Mas, se lhe disser que arranjei maneira de fugir aos impostos... talvez sorria, compreensivo, e queira saber como o faço!
No entanto seriam situações equivalentes pois, no segundo caso, e ao pagar os seus impostos (supondo que o faz), ele estaria também a pagar uma parte dos meus.
Embora enganar o Estado seja um desporto nacional, eu - talvez por ser parvo - pago até ao último cêntimo desde o IRS até às multas de trânsito; mas tenho a compensação de acompanhar com muito gozo quando há detenções relacionadas com fraudes económicas.
Mesmo que os arguidos venham a ser dados como inocentes, sempre fico com a ideia de que alguma investigação pode ser feita. Quanto a saber se eventuais culpados serão condenados ou não... isso é outra história:
No tempo da ditadura havia quem achasse que, para muita gente, bastava saber ler, escrever e contar.
Hoje em dia, com os prevaricadores passa-se uma coisa parecida: embora também possam ser analfabetos, sempre dá jeito que saibam «ler». Quanto ao resto, o mais certo é o crime «prescrever», pelo que depois já podem «contar» como foi.
Publicado no "EXPRESSO" - "Carta Branca", em 20 Abr. 2002
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